PERÍODO HOMÉRICO - SÉCULOS XII - VIII a.C.
O estudo desse período baseia-se na interpretação de duas obras - a Ilíada e a Odisséia - atribuídas a Homero. Daí o período chamar-se Homérico. São os únicos registros escritos (embora tenham sido produzidos bem depois dessa época) que se tem sobre a civilização grega, dos quais são descritos diversos aspectos dessa civilização.
Em linhas gerais, a Ilíada narra a tomada de Tróia pelos gregos (aqueus). O poema descreve o décimo ano do conflito até a derrota final dos troianos e a destruição da cidade. Após o incidente do "cavalo de Tróia", os aqueus saquearam e destruíram Tróia e regressaram à Grécia aproximadamente em 1.400 a. C. A Odisséia descreve o retorno conturbado do guerreiro Ulisses (ou Odisseu) ao seu reino de Ítaca.
Apesar de atribuídas a um mesmo autor - Homero -, a Ilíada e a Odisséia são muito diferentes no vocabulário, no estilo e nos acontecimentos. Também é preciso levar em conta as diversas interpretações feitas pelos aedos, que transmitiam os poemas oralmente.
Para serem memorizados, esses poemas eram cantados, até que no século V a. C. houve o registro desses poemas.
Após destruir Tróia, a civilização micênica (como eram chamados os gregos) expandia-se em direção à Ásia. Neste momento começou uma nova invasão na Grécia. Chegaram os dórios, último grupo de povos arianos a penetrar em território grego. Mais aguerridos, ainda nômades, conhecedores de armas de ferro, os dórios arrasaram as cidades gregas. Micenas ficou em ruínas.
A população fugiu e se espalhou. Muitos se retiraram para lugares afastados, protegidos dos dórios, no interior do território. Outros fugiram para o exterior: numerosas colônias fundadas por gregos surgiram assim nas costas da Ásia Menor e em outros lugares do Mar Mediterrâneo. Esse processo de dispersão recebeu o nome de Diáspora e esta foi a primeira Diáspora Grega.
Com a chegada dos dórios, começou um novo período na história da Grécia. A vida urbana desapareceu. A população regrediu para uma vida mais primitiva, voltando a se organizar em pequenas comunidades, cuja célula básica era a grande família ou genos.
O SISTEMA GENTÍLICO E A FORMAÇÃO DA PÓLIS
O genos era a unidade básica de produção, formada por um
grupo de pessoas aparentadas por laços consanguíneos e descendentes de um
antepassado comum. A economia gentílica, agropastoril, baseava-se na
propriedade comunitária da terra. A sociedade era igualitária e se
caracterizava pela inexistência de classes. A autoridade política, baseada na
religião e na tradição, era exercida pelo pater, o mais velho dos membros do
genos. A reunião de diversos genos formava uma frátria e a reunião de várias
frátrias, uma tribo.
Ao fim do Período Homérico, o crescimento demográfico e a
falta de terras férteis provocaram uma crise, cuja consequência foi a
desagregação da comunidade gentílica. As terras coletivas foram, desigualmente,
divididas pelo pater, disso resultando o surgimento da propriedade privada e
das classes sociais. A substituição da propriedade coletiva pela propriedade
privada da terra deu origem a uma poderosa aristocracia rural (eupátridas), a
um contingente de pequenos agricultores e a uma maioria de despossuídos. Uma
parte desses últimos passou a trabalhar para a aristocracia, outra dedicou-se
ao comércio e ao artesanato, os restantes deixaram a Grécia e fundaram
numerosas colônias nos mares Negro e Mediterrâneo.
Data da época da desagregação da comunidade gentílica a
formação das cidades-estados (pólis), cujo crescimento estava ligado à expansão
das atividades agrícolas, comerciais e artesanais. A pólis surgia geralmente em
torno de uma cidadela fortificada, a acrópole, construída sobre um rochedo ou
ponto elevado. A cidade-estado possuía um governo autônomo, autossuficiência
econômica e independência política em relação a outras cidades-estados. A área
de domínio das cidades-estados abrangia também as terras situadas em suas
adjacências. Cada pólis era governada por um rei, o basileus, assessorado por
um conselho de nobres, formado por representantes da aristocracia. Existia, ainda,
uma assembleia popular, da qual participavam os cidadãos. Somente estes tinham
direitos civis e políticos. Eram homens livres, com participação ativa na vida
da pólis. Os estrangeiros e os escravos, embora mais numerosos que os cidadãos,
não possuíam direitos civis ou políticos.
O processo de emigração do século VIII a.C., em decorrência
da desintegração do genos, conhecido como Segunda Diáspora Grega, marcou o fim
do período Homérico. Limitado, até então, à Grécia, às ilhas do Egeu e ao
litoral da Ásia Menor, o mundo grego, no período Arcaico, se estendeu para o
Oriente e para o Ocidente. Numerosas colônias surgiram nos mares Negro e
Mediterrâneo. Os gregos fundaram Bizâncio, no estreito de Bósforo e Odessa, no
Ponto Euxino. Ao sul da Itália e na Sicília, denominados Magna Grécia, surgiram
Siracusa, Tarento, Nápoles, Síbaris e Crotona. Ao sul da França, apareceram
Nice, Mônaco e Marselha. Ao norte da África, foram edificadas Cirene, na Líbia,
e Náucratis, no Egito. Na ilha de Chipre foi fundada Nicósia. Essas colônias,
cuja economia foi inicialmente agrária, desenvolveram depois com a Grécia um
amplo comércio marítimo.
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