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Nesta primeira atividade no blog, iremos abordar a transição, ou seja, a passagem da Antiguidade (História Antiga) para a Idade Média (História Medieval). Para isso, é necessário analisar os fatores que levaram o Império Romano do Ocidente ao declínio.
Na historiografia, utilizamos um acontecimento para marcar o fim da Antiguidade e início da Idade Média, porém, devemos compreender que essa mudança não ocorre somente por um fato, um evento específico em um determinado lugar; a mudança ocorre de uma forma lenta, em diversos aspectos das sociedades (aspectos políticos, econômicos, culturais e sociais) e nem sempre é possível perceber essas mudanças.
A historiografia tradicional utiliza uma periodização criada no século XIX por historiadores europeus, que valorizavam somente documentos escritos e uma história narrada (e não problematizada) abordando apenas fatos políticos e militares envolvendo reis, generais e feitos de batalha. Eles também priorizaram a História da Europa, desvalorizando outros continentes.
O evento que marca o fim da Idade Antiga e o início da Idade Média é a queda do Império Romano do Ocidente em 476, quando Odoacro, chefe dos hérulos, um povo germânico, derrota o último imperador de Roma, Rômulo Augusto.
Periodização clássica |
Durante os séculos III, IV e V, marcados pela crise que levaria à queda do Império Romano do Ocidente, elementos culturais, sociais, econômicos e políticos da civilização romana se misturaram com elementos culturais, sociais, econômicos e políticos dos povos germânicos. Alguns aspectos dessas mudanças demoraram muito anos para serem perceptíveis. É necessário também pensar na simultaneidade desses elementos, ou seja, eles coexistiram, existiram ao mesmo tempo em determinados lugares do continente europeu.
Império Romano do Ocidente e Império Romano do Oriente após a divisão feita por Teodósio. |
Além da mistura de elementos romanos com elementos germânicos, o Império Romano passava por dificuldades que provocaram uma intensa crise econômica, crise tributária (queda na arrecadação dos impostos), crise militar, crise política e crise escravista. Todos esses fatores internos associados às migrações germânicas (que começaram pacíficas e se tornaram invasões violentas ao longo do tempo) determinaram a queda de uma grande civilização.
A seguir, analisaremos os fatores internos e externos da crise do Império Romano do Ocidente:
Da
queda do Império Romano ao Feudalismo
·
No século III d.C., o vasto Império
Romano abrangia territórios da Europa, Norte da África e Ásia
·
A unidade política, econômica, cultural
e territorial era garantida através de uma extensa malha de estradas e seu
numeroso exército.
·
Porém, devido a aspectos internos e
externos, esse imenso império ruiu em 476 d.C., quando Odoacro, chefe dos
hérulos, derrotou o último imperador e Roma capitulou.
·
Dentre os aspectos internos, vale destacar:
·
Questão
militar: os gastos militares elevaram à medida que o
território era ampliado durante as guerras de expansão; e para manter
organizado, era necessário distribuir terras aos soldados para que não ficassem
descontentes por lutarem durante anos. Na falta de terras e de dinheiro, o
Império começa a emitir dinheiro, gerando um forte processo inflacionário.
·
Questão
agrícola (ruralização da economia): devido a diminuição das guerras, Roma apresenta um
elevado crescimento populacional, e as atividades agrícolas não são suficientes
para atender à demanda. Acrescenta-se o fato de que os latifúndios começaram a
se tornar pequenas propriedades, e manter muitos escravos trazia prejuízo. Para
sair da crise, os latifundiários adotam o sistema de arrendamento. Os
camponeses passaram a utilizar para seu sustento um pedaço de terra arrendado.
Em troca eram obrigados a trabalhar alguns dias por semana na terra do
proprietário. Alguns escravos também tinham lotes, tornando-se colonos. Na
realidade, o colono não era completamente livre, mas preso à terra e a seu dono
por laços pessoais e jurídicos muito rígidos.
·
Questão
Escravista: a falta de guerras ocasiona a falta de
escravos. Embora houvessem milhares de escravos que começam a lutar por
direitos políticos. Lutavam pela liberdade e conquista de terras. A revolta
mais conhecida foi liderada por Espartaco em 71 a.C. Quando não se podia mais
espoliar os vencidos nas guerras, o número de escravos diminuiu e seu preço
aumentou.
·
Questão
Religiosa: a ascensão
do Cristianismo prejudicou o exército, pois os cristãos não queriam se
alistar, consideravam a liberdade um dom natural e a libertação dos escravos um
ato piedoso. Não respeitavam algumas instituições romanas, principalmente as
religiosas.
·
Questão
Administrativa: com a ruralização da economia, a
cobrança e a arrecadação de impostos se tornou mais difícil. As cidades
entraram em crise e o Estado aumentou os impostos e encarregou os grandes
proprietários de cobrá-los. Dessa forma, o sistema tributário ficou
descentralizado. Diocleciano dividiu o Império em duas partes: O Império Romano
do Ocidente e Império Romano do Oriente.
·
Migrações
Germânicas: os povos germânicos invadiram o
território germânico em busca de terras férteis e fugindo das guerras em seu
território. Esse movimento foi pacífico e depois através de violentas agressões
aos romanos.
Mapa conceitual do Império Romano |
Reinos Germânicos
·
Dos reinos germânicos que redesenharam o
a geopolítica europeia, apenas o Reino dos Francos permaneceu centralizado
devido às crises e questões enfrentadas pelos demais povos germânicos que
envolviam religião, costumes e fragmentação territorial em lideranças políticas
e militares (comitatus). Os Francos receberam o apoio de latifundiários
cristãos, necessário para frear a expansão islâmica na Batalha de Poitiers em
732.
·
O Reino Franco estabeleceu, sob a
liderança dos prefeitos do palácio, uma aliança com a Igreja Católica. Mais
tarde, com a dinastia Carolíngia, houve a confirmação dessa aliança (coroação
de Carlos Magno e os Estados Pontifícios) e o Renascimento Carolíngio:
valorização da cultura greco-romana. Apesar da fragmentação
político-administrativa de Carlos Magno (marcas, condados e ducados), o Império
Carolíngio permaneceu forte até o Tratado de Verdum, em 843. Surge então 3
reinos: o de Carlos, o Calvo; o de Luís, o Germânico e o de Lotário.
Exercícios
1. Qual evento é utilizado pela historiografia para representar a passagem da Antiguidade para a Idade Média?
2. O que provocou a crise escravista no Império Romano do Ocidente?
3. Como ocorreram as migrações pacíficas e invasões violentas dos povos germânicos?
4. O que provocou a ruralização da economia no Império Romano do Ocidente? Como foi organizado a produção agrícola nas áreas rurais?
Enviar para o e-mail dennys@prof.educacao.sp.gov.br até o dia 10/03
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