O espírito do Renascimento
Francesco Petrarca nasceu em 1304, na
cidade de Arezzo, na península Itálica, e foi um dos principais precursores do
Renascimento. Admirador da cultura greco-romana, alimentava críticas profundas
ao pensamento religioso, predominante em sua época. Foi o primeiro a denominar
a Idade Média um período de trevas, envolto pelos dogmas da Igreja Católica. A
seguir, transcrevemos o fragmento de uma carta escrita por Petrarca.
“Pedis-me...
que vos empreste, se, como pensais, o comprei, o livro de Homero que estava à
venda em Pádua, pois que, dizeis, eu tenho de há muito um outro exemplar, a fim
de que o nosso amigo Leão o traduza do grego ao latim para vós e outros nossos
compatriotas estudiosos. Vi esse livro, mas não o comprei porque me pareceu
inferior ao meu. Poder-se-ia facilmente obtê-lo por intermédio da pessoa que me
proporcionou a amizade de Leão... De fato, sempre fui apaixonado por essa
tradução em particular e pela literatura grega em geral, e, se a sorte,
invejando os meus primeiros passos, me não tivesse arrebatado, pela morte, o
meu excelente mestre, talvez eu fosse hoje alguma coisa mais que um grego que
ficou no alfabeto”.
Leonardo Da Vinci
"Já fiz planos de pontes muito
leves (...). Conheço os meios de destruir seja que castelo for (...). Sei
construir bombardas fáceis de deslocar, carros cobertos, inatacáveis e seguros,
armados com canhões. Estou (...) em condições de competir com qualquer
outro arquiteto, tanto para construir edifícios públicos ou privados como para
conduzir água de um lugar para outro. E, em trabalhos de pintura ou na lavra do
mármore, do metal ou da argila, farei obras que seguramente suportarão o
confronto com as de qualquer outro, seja ele quem for."
[Leonardo da Vinci (retirado de Jean
Delumeau, A CIVILIZAÇÃO DO RENASCIMENTO, Lisboa, Editorial Estampa, 1984, vol.
1, p. 154)]
O
texto lido é parte da carta com que Leonardo da Vinci, em 1482, pedia
emprego na corte de Ludovico, o Mouro.
Elogio da Loucura (Erasmo de Roterdã)
Uma das sátiras mais brilhantes
da história da literatura foi escrito por Desidério Erasmo, humanista holandês,
no curto espaço de sete dias, quando de uma visita a sua amigo Sir Thomas More,
na Inglaterra. O próprio título latino da obra é um trocadilho com o nome de
More (Moriae). Erasmo, O Voltaire do século XVI, dominou o ambiente intelectual
de sua época; de toda sua volumosa obra, porém, apenas o Elogio da Loucura
escapou à obscuridade e ao esquecimento. Um notável historiador americano,
Preserved Smith, caracterizou o livro como um inteligente sermão, uma sátira
honesta, uma brincadeira com um objetivo ético.
Erasmo já demonstra tom satírico ao explicar o motivo que o levou a
escrever o livro:
"Já que a raça humana insiste em ser completamente louca - já que todas as pessoas, do Papa ao mais humilde pároco da aldeia - do mais rico dos homens ao mais miserável dos mendigos - da honrada dama em suas sedas e cetins à mulher vulgar em seu vestido de chita - já que todos se decidiram firmemente a não usar o cérebro que Deus lhes deu, mas insistem em se deixar guiar inteiramente pela ambição, vaidade, ignorância, porque, em nome de uma divindade racional, deveriam as poucas pessoas realmente inteligentes perder seu tempo e esforço, tentando mudar o gênero humano, transformando-o em algo que ele jamais desejou ser? Deixemo-lo viver feliz em suas loucuras. Não o privemos daquilo que, lhe dá maior prazer - seu infinito poder de se tornar ridículo."
No Elogio da Loucura, Erasmo argumenta que são os desejos tolos e irracionais que fazem girar o mundo. O livro todo é escrito em forma de discurso ou declamação, posta em boca da Loucura, a uma audiência imaginária composta de homens de todas as classes e condições. Usando uma beca, mas com um barrete de bobo na cabeça, a Loucura sobe ao púlpito, seguida por seus ajudantes: o Amor-Próprio, o Esquecimento, a Preguiça, o Prazer, a Sensualidade, o Sono Profundo, a Intemperança e a Demência. A Loucura nos conta que é filha de Plutão e de uma encantadora criatura chamada Juventude, e fora criada por duas ninfas sedutoras: Embriaguez, filha de Baco, e Ignorância, filha de Pã. Na violenta sátira que se segue, Erasmo, falando através da loucura, ridiculariza praticamente todas as instituições, costumes, homens e crenças de seu tempo, inclusive o casamento, a guerra, o nacionalismo, os advogados, cientistas, acadêmicos, teólogos, soberanos e papas.
Erasmo já demonstra tom satírico ao explicar o motivo que o levou a
escrever o livro:
"Já que a raça humana insiste em ser completamente louca - já que todas as pessoas, do Papa ao mais humilde pároco da aldeia - do mais rico dos homens ao mais miserável dos mendigos - da honrada dama em suas sedas e cetins à mulher vulgar em seu vestido de chita - já que todos se decidiram firmemente a não usar o cérebro que Deus lhes deu, mas insistem em se deixar guiar inteiramente pela ambição, vaidade, ignorância, porque, em nome de uma divindade racional, deveriam as poucas pessoas realmente inteligentes perder seu tempo e esforço, tentando mudar o gênero humano, transformando-o em algo que ele jamais desejou ser? Deixemo-lo viver feliz em suas loucuras. Não o privemos daquilo que, lhe dá maior prazer - seu infinito poder de se tornar ridículo."
No Elogio da Loucura, Erasmo argumenta que são os desejos tolos e irracionais que fazem girar o mundo. O livro todo é escrito em forma de discurso ou declamação, posta em boca da Loucura, a uma audiência imaginária composta de homens de todas as classes e condições. Usando uma beca, mas com um barrete de bobo na cabeça, a Loucura sobe ao púlpito, seguida por seus ajudantes: o Amor-Próprio, o Esquecimento, a Preguiça, o Prazer, a Sensualidade, o Sono Profundo, a Intemperança e a Demência. A Loucura nos conta que é filha de Plutão e de uma encantadora criatura chamada Juventude, e fora criada por duas ninfas sedutoras: Embriaguez, filha de Baco, e Ignorância, filha de Pã. Na violenta sátira que se segue, Erasmo, falando através da loucura, ridiculariza praticamente todas as instituições, costumes, homens e crenças de seu tempo, inclusive o casamento, a guerra, o nacionalismo, os advogados, cientistas, acadêmicos, teólogos, soberanos e papas.
“Aconselho-te,
meu filho, a que empregues a tua juventude em tirar bom proveito dos estudos e
das virtudes. (...) quero que aprendas as línguas perfeitamente: primeiro a
grega (...), em segundo lugar a latina, e depois a hebraica para as santas
letras (...), e igualmente a caldaica e arábica (...); que não exista história
que não tenhas presente na memória (...). Das artes liberais (...) dei-te algum
gosto, quando ainda eras pequeno, na idade de cinco a seis anos; continua o
resto (...). Do direito civil quero que saibas de cor os belos textos e que
(...) compares com filosofia.
Quanto ao conhecimento das coisas da natureza, quero que a isso te entregues curiosamente, que não haja mar, rio nem fonte que tu não conheças os peixes; todas as aves do ar, todas as árvores e arbustos frutíferos das florestas, todas as ervas da terra, todos os metais escondidos no ventre dos abismos, as pedrarias de todo o Oriente (...), que nada disso te seja desconhecido.
Depois, cuidadosamente, revisita os livros dos médicos gregos, árabes e latinos, sem desprezar os talmudistas e cabalistas, e por frequentes anatomias (...) adquire perfeito conhecimento do (...) homem.” (RABELAIS, François. Gargantua e Pantagruel. 1532.)
Quanto ao conhecimento das coisas da natureza, quero que a isso te entregues curiosamente, que não haja mar, rio nem fonte que tu não conheças os peixes; todas as aves do ar, todas as árvores e arbustos frutíferos das florestas, todas as ervas da terra, todos os metais escondidos no ventre dos abismos, as pedrarias de todo o Oriente (...), que nada disso te seja desconhecido.
Depois, cuidadosamente, revisita os livros dos médicos gregos, árabes e latinos, sem desprezar os talmudistas e cabalistas, e por frequentes anatomias (...) adquire perfeito conhecimento do (...) homem.” (RABELAIS, François. Gargantua e Pantagruel. 1532.)
Nos
trechos, estão alguns dos elementos principais que caracterizam o Renascimento
como movimento cultural.
a) Identifique três desses elementos.
b) Como se dava o patrocínio dos
artistas e técnicos do Renascimento?
c)
Considerando os textos acima, disserte (mínimo de 15 linhas) sobre as
principais características do Renascimento Cultural nos campos da literatura,
ciência e pinturas; analisando as mudanças na mentalidade medieval, da “Cristandade
do medo” à mentalidade antropocêntrica. (mínimo de 10 linhas)
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